Você já se perguntou o que há nas sombras da alma humana? Os contos de Edgard Alan Poe podem nos mostrar. Em “O Coração Delator” de Edgar Allan Poe, a obsessão do protagonista com o olho do velho e o assassinato revelam profundos traços narcisistas. Esses comportamentos são demonstrados pelas ilusões de grandeza, senso exagerado de autoimportância e pela necessidade constante de justificar suas ações como lógicas, apesar de sua evidente loucura. A incapacidade do protagonista de lidar com a culpa se manifesta em alucinações auditivas, mostrando como os traços narcisistas podem levar à ruína psicológica.
Narcisismo em “O Coração Delator”
Neste conto exploramos as profundezas da alma humana, “O coração delator” do autor Edgard Alan Poe, pode ser lido no livro “CONTOS DE TERRO, MISTÉRIO E MORTE” nesse conto nos é mostrado como um pensamento fixo pode nos perseguir e atormentar dia e noite
Poe ilustra magistralmente como o narcisismo ofusca o julgamento, levando o narrador a acreditar que suas ações são racionais, enquanto na verdade ele está mergulhando na loucura. A fixação obsessiva do narrador no “olho de abutre” do velho e o assassinato subsequente mostram o quanto o personagem está consumido por suas próprias percepções. Seu orgulho em executar o “crime perfeito” acaba sendo sua ruína, à medida que sua consciência — ou culpa — o leva a confessar.
Em “O Coração Delator” de Poe, testemunhamos como o narcisismo desenfreado pode levar a consequências catastróficas. A ilusão de superioridade do narrador e a negação de sua loucura servem como um alerta sobre os perigos de permitir que o ego sobreponha o julgamento moral.
Resumo de “O Coração Delator”
“O Coração Delator” é todo desenvolvido através da perspectiva do narrador, que tenta nos fazer entender que o ato de desviver o homem velho com quem morava, não se tratava de loucura, ou desavença, com o homem velho. Mas, sim uma implicância com seu olhar, ou melhor dizendo, seu olho, que o narrador descreve como:
“[…] Penso que era o olhar dele! Sim, era isso! Um de seus olhos se parecia com o de um abutre. . .um olho de cor azul-pálido, que sofria de catarata.”
Sobre o narrador, não temos nenhuma informação sobre sua identidade e atributos físicos, porém sobre a sua forma de pensar, agir e funcionamento da mente. Ah! Essas informações temos muitas. Fornecidas pelo próprio narrador:
“Ora, aí é que está o problema. Imaginais que sou louco. Os loucos nada sabem. Deveríeis, porém, ter-me visto. Deveria ter visto como procedi cautamente! Com que prudência…com que previsão. . . com que dissimulação lancei mãos à obra!”
Resumindo, o narrador nos explica que ficou uma semana stalkeando o velho durante o sono, porém como sua rivalidade era com o olho do velho, ele acabava por não conseguir realizar o intendo de finalizer o velho, ou melhor, o olho. Entretanto, no oitavo dia o velho desperta durante o sono e a lanterna ilumina justamente seu olho, dando coragem para o narrador realizar seu intento.
Enquanto, finaliza o velho, o narrador começa a ouvir o som abafado do coração dele, ou imagina que ouve. Pois, sua mente parecia sempre buscar uma justificativa para finalizar o velho, mas para suprimir a culpa usava de um argumento “plausível” para o narrador, que tenta a todo momento nos convencer de sua inteligência e “real intento”.
Por fim, o velho falece e o narrador esconde o corpo embaixo do assoalho de madeira no chão. E obviamente, o narrador dá detalhes de copo compactou o velho. Apesar de tudo parecer perfeito para o narrador, logo na manhã dois policiais batem à porta, pois o vizinho ouviu um grito.
Apesar de engambelar os policiais, a culpa começa a tamborilar no ouvido do narrador, através de sua loucura. Ele começa a ouvir o coração do velho batendo embaixo do assoalho e atormentado confessa seu crime aos dois policiais.
Receita para Analisar o Comportamento Narcisista em Personagens Literários:
- Identifique a Obsessão: Procure uma fixação incomum que o personagem desenvolve (como a obsessão do narrador pelo olho do velho).
- Analise a Autopercepção: Note como o personagem infla sua importância ou habilidade, muitas vezes ignorando as perspectivas ou sentimentos dos outros.
- Observe Justificativas: O personagem frequentemente justificará comportamentos prejudiciais ou irracionais como perfeitamente lógicos, negando qualquer culpa.
- Perceba a Culpa ou Ilusão: À medida que a história se desenrola, preste atenção a como a culpa ou outros mecanismos psicológicos se manifestam (por exemplo, ouvir o batimento cardíaco do velho).
- Examine as Consequências: O comportamento do personagem frequentemente leva à autodestruição, ilustrando os perigos das ilusões narcisistas.